segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Os Famosos e os Duendes da Morte



Enfim um filme que me inspirou a retornar às tentativas de criticidade!! Tô na espera desse filme já faz um tempo, acho que foi o título a primeira coisa que me chamou a atenção "Os Famosos e os duendes da morte", curioso não?
O filme tem a direção assinada por Esmir Filho, que ficou conhecido pelo curta hit do youtube "tapa na pantera", mas aqui mostra um trabalho com uma personalidade mais...intimista e depressiva. Em uma pequena cidade do Sul o cotidiano e opções daquela sociedade se mostram limitados para um adolescente que ouve Bob Dylan e procura o mundo humano na internet.
O menino sem nome não se encontra naquilo que lhe é palpável, naquilo que o cerca, é incapaz de construir diálogos com família ou amigos. O menino sem nome encontra-se preso em si, desejando exista algo que seja maior, ou pelo menos mais desafiador do que o que ele vê.
O filme mostra a relação do jovem com a internet, ali ele consegue se expressar e ver, acompanha as postagens de um blog de dois jovens que apresentam alguma ligação com seu sentimento, e ao decorrer do filme isso é bem desenvolvido.
Esmir Filho mostra uma evolução no cinema nacional, nas em questão de técnica, que no filme é muito boa, mas no que tange a visão que foi dada à condição humana, aos limites que são postos à plenitude da existência.
A trilha sonora é bem escolhida, e traduz sonoramente os sentimentos do jovem rapaz. A fotografia também é capaz de gerar uma melancolia necessária para o enredo do filme, as atuações de atores desconhecidos também está boa, flui de forma natural. Algumas cenas são estendidas além do que deveriam, e algumas questões ficam, mas nem todos os sentimentos são explicáveis na humanidade.
Os limites da cidadezinha, com forte tradição alemã e irritantemente pacata pode gerar identificação para algumas pessoas. Essa cidade gera uma incapacidade de crescimento pessoal, de desenvolvimento intelectual, cultural e deixa brechas para a reflexão do sentido de tudo.
Recomendo o filme, para um final de tarde chuvoso frio e cinza, que na minha opinião, são excelentes para uma boa reflexão.



Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
I'm not sleepy and there is no place I'm going to.
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
In the jingle jungle morning I'll come followin' you.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

À Deriva - 2009



À Deriva é um filme...azul!
Assisti ontem pelo simples fato de ser o mais recente filme do diretor Heitor Dhalia, e me surpreendi, de fato! Ao meu ver o diretor de Nina e o Cheiro do Ralo ainda está em busca de um identidade. Digo isso pois seus três filmes são bem diferentes um do outro. Em À Deriva Dhalia traz um ambiente mais tranquilo, com personagens leves que vão se intensificando ao decorrer do filme.
Filipa é uma adolescente de 14 anos que viaja com a família para passar as férias na casa de Búzios, e a partir de então, vemos através de seus olhos a descoberta da vida. E isso nem sempre é fácil. Felipa vê sua família de uma forma que não via antes. Confesso que assisti o filme sem saber sinopse, ou ver algum tipo de comentário...o que ouvi foram s[o sugestões, e isso ajudou no ato de me surpreender, logo, não escreverei muito sobre o enrendo aqui.
O filme conta com o ator francês Vincent Cassel, que interpreta o pai de Felipa e Débora Bloch sua mãe, com uma interpretação muito delicada e competente. O filme tem um clima bem família mesmo, a fotografia é incrivelmente elaborada no verão! O filme, como já disse é azul. A trilha sonora é emotiva. O músico Antonio Pinto, que trabalhou em filmes como Cidade de Deus, Abril Despedaçado, Amor nos tempos do cólera, Nina e outros assina a trilha de À Deriva e emociona. Os sentimentos de Felipa são bem mostrados pelo piano de Antonio Pinto.
O filme foi ovacionado em Cannes, com mais de 5 minutos de aplausos logo após sua exibição. Dhalia coneguiu uma qualidade técnica de nível internacional, os atores mais jovens e inexperientes não mostram essa inexperiência de forma gritante, a atriz Laura Neiva (Felipa) aflora diante das câmeras, com um doce sabor de adolescência. A atriz americana Camila Belle (O Patriota, O mundo de Jack e Rose, 10.000 AC) faz uma participação crucial no filme. O figurino é muito bem elaborado por Alexandre Herchcovithch.
À Deriva é uma co-produção internacional entre a O2 Filmes (de Fernando Meirelles) e a Focus Features International, grande empresa produtora norte-amerciana. Um filme tocante, bom mesmo, sem balelas. A crítica que eu faço é que poderiam ter sido cortadas algumas cenas de momentos "família feliz", pra mim ficou um pouco exagerado, mas coube no contexto, e não diminui a beleza do filme em nenhum monento!
Após o filme fica uma procupação com as pessoas, com as relações pessoais atualmente, estamos falidos? ou sempre estivemos? Enfim...algumas pessoas podem não ser tocadas pelo filme, e eu entendo isso, mesmo assim valeria a pena ver!!
Fica a dica, prestem atenção nesse diretor, assitam À Deriva, Nina e O Cheiro do Ralo!! Filmes excelentes

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O signo da Cidade - 2008



Com roteiro de Bruna Lombardi e direção de Carlos Alberto Riccelli O Signo da Cidade se mostra como um filme com coisas a serem ditas, mas que nem sempre são. Trata-se de um mix de histórias "entrelaçadas" na cidade de São Paulo. É, isso mesmo, com a mesma receita de Crash.
A astróloga Teca (Bruna Lombardi) é a personagem central das histórias, a partir de suas consultas, e de seu programa no rádio são mostrados personagens diversos com conflitos diversos e posições diversas. Pessoas atormentadas em uma cidade atormentada, gravidez precoce, parentes em camas de hospital, travestis apanhando na rua, depressão, traições, enfim...felicidades passam longe.
A técnica do filme é boa, fotografia, edição, som muito bons, as atuações que se destacam são as de Eva Wilma, Juca de Oliveira e claro Graziela Moretto e Luís Miranda, os outros cumprem seus papéis, Denise Fraga se mostra difente e consegue emocionar. Os atores mais novos ainda precisam aprender um pouco.
Ao meu ver as histórias poderiam ser mais exploradas, o reoteiro se perde um pouco e não dá conta de aprofundar em nenhum personagem, não há uma reflexão. Fica claro que Bruna Lombardi teve a intenção de explorar a condição dessas pessoas em relação à cidade, mas não consegue. O final do filme é o pior...o último minuto poderia ter sido jogado fora.
Enfim, foi uma nova aventura do cinema nacional, tem alguns (poucos) avanços mas como um todo O signo da Cidade não convence, quem sabe na próxima.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Apenas o Fim - 2009



Devido ao furor midiático e "internético" desse filme tive que conferir. Apenas o fim é um filme univsersitário vindo dos confins da PUC - Rio, escrito e dirigido por Matheus Souza, de (pasmem!) 20 anos.
Trata-se das últimas horas de um casal de universitários, Adriana (Érika Mader) diz estar cansada da vida e precisa de novos ares, decide se mudar e tem apenas uma hora com o namorado Antônio (Gregório Duvivier), a partir disso diálogos são construídos e algumas momentos do casal mostrados. O que chega a ser interessante no filme são as referências que se fazem à cultura pop atual com um tipo de...hummm...fofura (?!). Transformers, Britney Spears, PlayStation, Orkut são alguns elementos usados nos diálogos com o intuito de mostrar as bases do pop. "Eu sou tipo aquela vontade de dá de repente de tomar fanta uva" é um dos exemplos das frases de Antonio; "Você deveria para de usar as camisteas do Star Wars e esses óculos do seu avô" é um exemplo das frases de Adriana. E os diálogos continuam nessa direção, ternurinhas e "d.r.s". O filme se mostra fofo, algumas (várias) pessoas se identificam com os persnagens
As críticas ao filme foram as mais positivas possíveis, os prêmios que recebeu também: melhor filme pelo júri popular no festival do Rio e menção honrosa, e também no Festival de São Paulo, além de participar da seleção oficial nos Festivais de Miami e Rotterdam.
Eu encaro esse filme como o "indie" de verão do Brasil. Antonio se mostra um geek fofinho capaz de cativar ao falar sobre transformers ou Star Wars, Adriana é a "minazinha da facul" bonitinha e confusa. Vale a pena? se tiver tempo sobrando. Vale salientar que o filme teve um orçamento de apenas R$ 7 mil. O diretor consegue alguma glória, mas o filme como um todo encaixa-se numa tarde de domingo no sofá sem maiores reflexões.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Tudo Bem - 1978




Arnaldo Jabor escreve sobre a clásse média do final dos anos 70. Tudo Bem acompanha a epopéia de uma reforma do apartamento de Juarez (Paulo Gracindo) e Elvira (Fernando Montenegro). O desenrolar do filme vai mostrando personagens bem, digamos assim, peculiares! Tenho a impressão que a intenção de Jabor era mostrar um ascensão de uma classe social burguesa que pouco pensa e muito se preocupa com a imagem na sociedade. A questão da reforma no apartamento é uma elucidação desse construção-ascensão. Os filhos do casal também mostram esse comportamento, Zé Roberto (Luiz Fernando Guimarães) e Vera Lúcia (Regina Casé) se colocam na história como "tangentes" à tudo aquilo, um tanto individualistas e egocêntricos. Deve-se destacar a perfeita atuação de Zezé Motta como doméstica que nas horas vagas trabalha como prostituta, ele é responsável por uma das cenas mais deliciosas do filme, onde seminua canta O Mestre-sala dos mares de Elis Regina vagando pelo apartamento. Um retrato de uma classe média confusa com um roteiro bem escrito e atuações brilhantes. Juarez é assombrado (ou perseguido) por três fantasmas que, na minha interpretação se encaixam no fator estrangeiro da política daquele momento, o capital que "construi o milagre brasileiro" não é brasileiro.
Enfim, um filme gostoso de se ver, com várias interpretações possíveis. Recomendo mesmo para aqueles que não vão com a cara do Jabor atualmente. Esse filme vale a pena.