domingo, 4 de dezembro de 2011

Brotherskab - Brotherhood (2009)


Brotherhood é um filme dinamarquês do diretor Nicolo Donato que conta a história (pasmem!) de dois homens que fazem parte de uma fraternidade neonazista e se apaixonam um pelo outro (é, bem isso). Tem tudo pra dar errado? tem! É o clichê na tentativa de chocar no enredo? Sim! Mas, é um bom filme.
Lars é um jovem que acaba de ser "expulso" do exército, e encontra-se perdido e então entra para um grupo neo-nazista (eu já tinha alertado para o clichê). No processo de hierarquia e organização da "fraternidade" (puta falta de nexo usar essa palavra né? mas beleza) o jovem vai morar com Jimmy, outro rapaz da fraternidade, mais antigo.

Nesse ínterim alguns fatos ocorridos fazem com que Jimmy tenha um "pé atrás" com Lars, e então a relação entre os dois vai do ódio ao amor. Ambos apaixonam-se, beijam-se e se amam. Morando juntos, o casal tem a vida agora dupla, na casa, construindo a relação e a aceitação, e em uma fraternidade que recrimina (dentre outras) a sua orientação sexual.

O filme aborda diversas temáticas, contudo, a principal é a aceitação (típico de filmes com temática gay) da sociedade, dos grupos e do indivíduo em si. A questão da homofobia, e da

hipótese de que os homofóbicos (desses mesmos que batem com lâmpadas flourescentes) tem fortes tendências homossexuais, é o pano de fundo.

Algumas cenas de espancamento são levemente fortes, causam um mal-estar, pela violência, mas acima de tudo pela intolerância. Entretanto, com todos esses elementos, acima de tudo Brotherhood é uma história de Amor. "A love story", Nicolo Donato stresses. "Above all, it's a love story"

Não estamos diante de um filme brilhante, espetacular, inovador, não não, nada disso!! Apenas um bom filme, simples na estética, simples na direção, simples em tudo, quase trivial. Mas o roteiro (afora os clichês) é bem escrito, e a tensão é sentida pela espectador. Tensão! Em momento de quase Thriller!

O filme é estático, não porque seja parado (não é!) mas é estático, porque mostra um período de tempo recortado. O que acontece antes ou depois com os personagens não é respondido pelo filme, livre à interpretação. O final do filme é bom, alguns talvez não gostem, mas é bom!

A construção dos personagens poderia ser um pouco melhor, poderiam ser nos dado alguns elementos que ajudassem a compreender melhor algumas situações. As atuações dos jovens são boas e coerentes. É um filme recomendável!


sábado, 3 de dezembro de 2011

Hanami - Cerejeiras em Flor (2008)


Seria difícil começa a falar desse filme, sem antes dizer que trata-se de uma miscelânea de cultuas e assuntos. Hanami é um filme alemão (co-produzido com a França), dirigido por Doris Dorrie. O filme mostra a vida de um casal na terceira idade (Rudi e Trudi) que tenta manter a sua rotina entre as dificuldades da sociedade do "rush".

Em visitas aos filhos, percebem que são mais um incômodo do que um suspiro, a relação do tempo é bem discutida com elementos singelos. Trabalho e aposentadoria, presentes e telefonemas. Mas esse não é o ponto crucial de Hanami - Cerejeiras em Flor.

A morte é um assunto mais profundamente trabalhado, e o desapego ao velho, ao sentimentalismo. Em alguns momentos esse desapego me pareceu exagerado, pois parece que o filme quis mostrar que o novo (os jovens) não são dotados de uma preocupação com velho de forma alguma, e uma vez isso sendo mostrado através de relação de pais e filhos, me pareceu um pouco exagerado.

Mas, contudo, entretanto, todavia. Foi a forma encontrada pela diretora de mostrar que o luto é sentido e construído de forma diferente, individual. Dorrie nos diz isso, o luto é um função matemática positiva (??, desculpem-me, mania de economista) do seu cotidiano. Você constrói o seu luto a partir da relação emocional que você construiu com o falecido, seja ela de desapego,
dependência, cobrança, culpa. Seja qual for o alicerce da relação em vida, esse será o alicerce da construção do luto.

Trudi (a esposa) recebe a notícia de que Rudi (o marido) está morrendo, e resolve proporcionar alguns momentos especiais ao marido, sem que ele sequer saiba das más novas. Visitar os filhos, ir à praia, e à Tóquio (também visitar um filho). Porém, na absurda e inconveniente ironia do destino, quem falece é Trudi, e quem constrói o luto o marido e os filhos.

Rudi descobre que a esposa tinha uma verdadeira curiosidade e admiração pela cultura japonesa, e resolve viajar até lá. E é nesse momento que Hanami dá uma "reviravolta" no roteiro. Os elementos trabalhados a partir desse momento são de um simbolismo que vezes mostram-se evidentes, mas em alguns momentos parecem uma grande viagem da sua cabeça. As cerejeiras que representam o novo, a mudança, o ciclo são o elemento mais gritante nesse momento do filme.

A beleza do Butô é pincelada belamente em algumas cenas, e essa arte é bastante importante para a compreensão do filme. O Butô é uma dança típica japonesa, cujo expoente máximo é Kazuo Ono, que foi construído através da imersão da cultura japonesa em elementos artísticos como o surrealismo e o expressionismo. Trata-se de uma dança forte, visceral e filosófica, com movimentos ora extremamente lentos e suaves, ora bruscos e sofridos. (Desculpem-me por algum erro de definição ou conceituação, mas é o que eu entendo do Butô, que é complexo por demais)

O processo de Rudi em lidar com a perda e com os sentimentos deixados e evoluídos a partir dessa perda é então mostrado a partir desses elementos, desses simbolismos com uma tocante sensibilidade. Com cenas bem poéticas (que ganham uma grande ajuda da paisagem de Tóquio e da beleza do Butô), o filme mostra essa construção do luto, a obrigação do luto. Mas uma obrigação que não é pesada, que por vezes é até prazerosa, de imaginar a pessoa com você, de buscar a pessoa no não físico e na natureza, as acima de tudo. Na busca do que a pessoa deixou em você, do que é vivo.