quarta-feira, 31 de março de 2010

Tudo Bem - 1978




Arnaldo Jabor escreve sobre a clásse média do final dos anos 70. Tudo Bem acompanha a epopéia de uma reforma do apartamento de Juarez (Paulo Gracindo) e Elvira (Fernando Montenegro). O desenrolar do filme vai mostrando personagens bem, digamos assim, peculiares! Tenho a impressão que a intenção de Jabor era mostrar um ascensão de uma classe social burguesa que pouco pensa e muito se preocupa com a imagem na sociedade. A questão da reforma no apartamento é uma elucidação desse construção-ascensão. Os filhos do casal também mostram esse comportamento, Zé Roberto (Luiz Fernando Guimarães) e Vera Lúcia (Regina Casé) se colocam na história como "tangentes" à tudo aquilo, um tanto individualistas e egocêntricos. Deve-se destacar a perfeita atuação de Zezé Motta como doméstica que nas horas vagas trabalha como prostituta, ele é responsável por uma das cenas mais deliciosas do filme, onde seminua canta O Mestre-sala dos mares de Elis Regina vagando pelo apartamento. Um retrato de uma classe média confusa com um roteiro bem escrito e atuações brilhantes. Juarez é assombrado (ou perseguido) por três fantasmas que, na minha interpretação se encaixam no fator estrangeiro da política daquele momento, o capital que "construi o milagre brasileiro" não é brasileiro.
Enfim, um filme gostoso de se ver, com várias interpretações possíveis. Recomendo mesmo para aqueles que não vão com a cara do Jabor atualmente. Esse filme vale a pena.