domingo, 23 de novembro de 2008

Encontros e Desencontros (2004)

Sou suspeito para falar desse filme, mas vamos lá. Sophia Copolla definitivamente quer mostrar às pessoas a dificuldade de adaptação à sociedade. Em Econtros e Desencontros essa dificuldade é encenada no Japão. Dois americanos jogados em um país, digamos, um tanto estranho para nós, meros ocidentais. O tédio salta da tela e nos abraça, mas com o decorrer do filme vai se tranformando em...em...diversão? Pois é, Sophia consegue construir um mundo de sentimentos humanos que existem em todos nós, em um dos momentos da vida. O filme mostra que as vezes somos infelizes sozinhos (ou na companhia de alguém que não te completa), entretanto, quando encontramos alguém com uma necessidade de companhia, conseguimos transformar sentimentos. De tédio em Tóqui à bizarrices divertidas japonesas. Scarlett Johanson se consagra no filme como uma das grandes atrizes em potencial em hollywood.

A trilha sonora é muito boa, escolhida a dedo por alguém com um bom gosto para indie (Sophia, que para mim é a encarnação do indie). A fotografia consegue mostrar o Japão tradicional e o tecnológico, com milhões de pessoas se trombando e luzes, muitas luzes. O roteiro do filme é muito bem escrito (vencedor do Oscar).

Um filme que traduz sentimentos em imagens. Para assistir mais de cinco vezes, eu mesmo já perdi a conta de quantas vezes assisti. Bill Murray também está muito bom. A cena final é para ficar na história do cinema. Uma escolha arriscada que deu certo. Na verdade o filme poderia ter dado muito errado, mas a diretora conseguiu o transformar em beleza. Just Like Honey!

sábado, 22 de novembro de 2008

Balzac e a Costureirinha Chinesa (2002)


Confesso que relutei no princípio quando me falaram deste filme. Pelo fato de tratar do regime maoísta e da falta de liberdade, achei que ia ser um mais do mesmo. Errado! Torta nele! Balzac e a costureirinha chinesa fala, em primeiro lugar, de educação através da literatura (uma leitura bem simplista do filme). Com uma fotografia de impecabilidade chinesa, além de um deslumbre visual somos transferidos às montanhas chinesas onde vivem comunidades rústicas sob o poder do regime maoísta. Entretanto, a sutileza é um elemento primordial desse filme, as vezes tratado até com certo humor o pesado sistema.
Nas montanhas dois jovens estão sendo "reeducados" para se encaixarem ao sistema, visto que seus pais cometeram o erro de ajudar alguns inimigos de Mao. Ali eles encontram um estilo de vida completamente diferente ao que eles estão acostumados e entram em contato com um "mundo primitivo". É na relutância de aceitar a "reeducação" que mostram romances proibidos à costureirinha.
O filme não falta em nada, em críticas, em romances, em cultura, em atuações. Com a excelente direção de Sijie Dai o filme se desenrola de maneira sutil e delicada, deixando o espectador curioso, emocionado e chocado. Da próxima vez, vou com menos preconceito à locadora. E com certeza, leiam livros!

Os amantes do Círculo Polar (1998)


Ontem assisti ao filme espanhol de 1998 dirigido por Julio Medem. Há um tempo atrás assisti Lucía e o Sexo, do mesmo diretor e desdxe então estava doente por este filme, mas não encontrava. Felizmente algum torrent me ajudou e tive o prazer de ver essa obra de arte de Medem. O filme retrata a história de Otto e Ana, duas pessoas que desde pequenos "decidem" viver o amor (prefiro aqui não revelar alguns detalhes da trama). A competência que o diretor teve de mostrar na tela uma história, digamos, normal, com elementos cinematográficos de alta qualidade é surpreendente. A fotografia do filme é sempre muito bela, chegando as vezes de ser um azul inacreditável. Os atores também cumpriram seu papel acima do esperado. As persnagens são muito bem interpretadas nas três fases mostradas no filme (criança, adolescente e jovem). A infância é retratada no filme com a inocência e a descoberta do amor, e esses dois mini atores devem ser aplaudidos de pé, seus olhares são penetrantes e dignos de vários "ooowwwnnnnssss".
Mas o mais notável do filme é a narrativa. De uma forma quebrada o filme sempre tenta mostrar os pontos de vista de Otto e de Ana, as vezes juntos, as vezes separados. As vezes deixando o espectador de lado, e não mostrando detalhes, mas isso pode ser explicado pelo fato de só as crianças darem importância tão grande a um gesto tão singelo (aqui também prefiro não estragar a surpresa). Um filme que vale a pena ser assistido mais de uma vez. Algumas cenas podem ficar nas nossas cabeças por algum tempo, como os aviõezinhos de papel voando pela janela de um banheiro da escola, ou o reflexo de Otto nos olhos de Ana.