segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

As Canções de Amor (2007)


Chistophe Honoré é realmente um dos diretores mais sensatos da atualidade na minha opnião. Seus filmes são sempre bem escritos, e filmados com uma sensibilidade de poucos. Em alguns trabalhos, essa sensibilidade se mostra na narrativa insensível, é, pode parecer estranho, mas foi bem isso que eu achei de Má Mere (2004), a falta de sensibilidade e sentimentos ali mostrada é um profundo mergulho na capacidade de Honoré de ser sensível, na insensibilidade. Vixi! confuso, como o filme, mas aqui não falaremos de Má Mere (que recomendo absurdamente, mas ainda estou absorvendo o choque, depois de algumas semanas), e sim de Les Chansons d'Amour, ou As canções de amor.

O filme é um musical centrado em Ismael (Louis Garrel) e em seus processos amorosos e relacionais, mas não podemos aqui colocar Ismael como protagonista (eu não consegui encontrar um personagem principal, a não ser o amor, ai que clichê!, hehehe) pois as outras personagens são cruciais para o desenrolar da temática. Enfim, Ismael é um jovem parisiense muito amável, namorado compreensível e sedutor de Julie, mas isso é só o começo.

Devido as mazelas do destino, a história vai mudando e se trasformando de maneira muito sutil, natural (amplo esse conceito né? mas enfim). O filme é dividido em três "capítulos", a partida, a ausência, e o recomeço. Particularmente achei essa divisão em capítulos (embora chique) quase desnecessária, mas é interessante pois facilita o entendimento dos processos sentimentais internos de Ismael.

As músicas são muito bem encaixadas no filme e não cansam, apenas dão mais musicalidade e beleza aos diálogos. A naturalidade dos atores em cantar como se estivessem dialogando ajuda para aqueles que dizem não gostar de musicais (não meu caso). Sim, os atores são muito bem conduzidos por Honoré e conseguem um bom desempenho. As canções são assinadas por Alex Beaupain (recomendo um youtube nele).

As "fases" de Ismael são genéricas, seus sentimentos podem ser transportados para qualquer caso, o esgotar de um relacionamento, o luto do amor, as novas relações, a relutância, etc. Um aspecto que gosto muito no filme é uma negação à tal da heteronormatividade, as relações hetero, homo, bi, ou seja lá o que for são mostradas e narradas com o mesmo teor, a mesma simplicidade, isso é lindo no filme, e uma característica de muitos filmes franceses.

Com uma inspiração em "Os guarda-chuvas do Amor" (óbvio), é daqueles filmes que acabam e você quer voltar e começar tudo de novo. Delicioso, divertido e emocionante, um filme bom pra ver na preguiça. E baixem a trilha sonora, mas só depois do filme!!

"Aime-moi moins, mais aime-moi longtemps"