sábado, 12 de novembro de 2011

Eyes Wide Open (2009)



Vamos lá, volto ao Blog, mas dessa vez eu vou dar continuidade (será?). O filme que me despertou o desejo de voltar à escrita é Eyes Wide Open, um filme israelense do diretor Haim Tabakman. O filme mostra dois homens judeus ortodoxos encarado a homossexualidade e o desejo que sentem pelo outro. Ezri (Rans Danker) chega à Jerusalém e começa a trabalhar no açougue de Aaron (Zohar Shtrauss), um homem casado e com um tanto de filho que não consegui contar.
Em meio à uma sociedade judaica extremamente conservadora, o relacionamento profissional dos personagens evolui e transforma-se em uma paixão "proibida". A questão importante do filme é discutir os limites que nós colocamos à nossa existência. Percebe-se em algum momento que Aaron luta com esse "pecado" durante a sua vida, mas encaixou-se na sociedade e nos pré-requisitos para ser "um servo de Deus". As influências do meio, seja da sociedade ou seja da religião influenciam profundamente essa postura de Aaron, mas em algumas expressões e falas percebe-se que ele próprio cria certos limites pra sua vida.
"Porque Deus criou o desejo?", Aaron prega à Ezri, e explica que o desejo existe para que possa ser superado, sendo que temos uma missão neste mundo inferior, e esse desejo deve ser evitado. Deus aqui é tratado como uma força (?) que está, constantemente, colocando provações para que os humanos possam evoluir e "se salvar", tipo uma professora brava do colégio, que fazia aquilo pelo seu bem. E a luta interna de Aaron, com o Deus judeu, a família e Ezri é mostrada de forma bem sutil.
Ezri sofre, pode-se dizer que ele é uma personificação do desejo e da provação de Aaron. "Uma obra-prima", que mostra-se fragilizado e necessitado de contato humano e por que não dizer de amor. Assim, o jovem oferece um amor libertador à Aaron, libertador e verdadeiro, que o fará sentir-se vivo, mas os limites são o obstáculo à essa vida. Sejam limites externos, mas principalmente os limites externos.
Pode parecer um pouco massante mais um filme de temática gay x preconceito, gay x religião, mas Eyes Wide Open é de uma beleza sutil. A fotografia do filme é bem colocada, cenas com um tom "pastel" elucidam o sentimento dos personagens, filme muito bem dirigido, escrito, filmado e atuado. A questão que fica é, quais limites a gente deve estabelecer à plenitude da existência? Precisa de limites, essa é a SUA verdade?

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